Para amenizar o impacto do aumento da conta de luz, empresários podem, entre outras medidas, investir em equipamentos mais eficientes, pedir uma mudança na tarifa e aderir a cooperativas de energia. Veja dicas para cortar gastos:
Aparelhos mais eficientes
Trocar equipamentos por versões mais econômicas e investir em infraestrutura pode resultar em uma redução de 50% na conta de luz, segundo Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros).
O primeiro passo é substituir as lâmpadas comuns pelas de LED. Uma lâmpada de LED consome 85% menos energia que uma incandescente. Pode durar até 50 mil horas, ou 17 anos, se ligada oito horas por dia. Sensores de presença ajudam a controlar a luminosidade nos locais menos frequentados e custam a partir de R$ 30.
Nos bares e restaurantes é preciso ficar atento ao estado das borrachas de vedação do freezer e da geladeira.
Deixar esses eletrodomésticos fora do alcance de raios solares ou de equipamentos que emitem calor, como o fogão, evita o desperdício. Também é indicado esperar o alimento esfriar antes de colocá-lo no refrigerador.
Aparelhos de ar condicionado são os que mais consomem luz sem que o empreendedor perceba, diz Domingos. Por isso, segundo ele, a temperatura no verão não deve ser programada para menos de 19° C e, no inverno, para mais de 24° C.
Aparelhos ligados no modo stand-by podem representar até 11% do consumo total de energia, de acordo com Domingos. Por isso, vale orientar funcionários para sempre desconectá-los.
Na hora de comprar um equipamento, é importante verificar se o item tem o selo de eficiência do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica).
Quem tem empresa em imóvel antigo deve ficar atento a aumentos inesperados na conta de luz. Se isso acontecer, vale contratar um eletricista para fazer uma revisão da fiação, uma vez que as chamadas fugas de corrente são contabilizadas pelo medidor de energia.
“Além do aumento de custos, há a possibilidade de acidentes”, diz Domingos.
Mudança tarifária
Pequenas e médias empresas que gastam luz fora do horário de pico devem avaliar a migração para a tarifa branca. Nessa modalidade, o valor da conta varia de acordo com o horário em que a energia é consumida.
Nos chamados horários de pico e intermediário, o valor cobrado pela energia é superior ao da tarifa convencional. Já no período com demanda mais baixa, a cobrança é menor.
Em São Paulo, o consumidor que usa a tarifa branca paga mais no período das 16h30 às 21h30 dos dias úteis. O consumo nos demais horários sai mais barato.
As concessionárias disponibilizam simuladores para que os consumidores confiram se a tarifa branca é vantajosa. No site da Enel São Paulo é possível calcular qual seria o valor da conta considerando diferentes aparelhos eletrodomésticos, potência e horário de uso.
Segundo o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), gerenciando o consumo, a empresa pode economizar até 15,3%.
Entretanto, se não fiscalizar os horários e tiver gasto significativo durante o pico de uso, o valor no final do mês pode aumentar até 86%.
Em São Paulo, o modelo, é ideal para empresas que funcionam até as 16h30.
Estabelecimentos ou residências enquadradas no Grupo B (baixa tensão) podem aderir à tarifa branca.
Geração própria
Pequenas e médias empresas investem cada vez mais na geração própria de energia limpa. O sistema renovável mais procurado no Brasil tem sido o solar fotovoltaico.
A geração pode ser conectada à rede pública, utilizando mecanismo de compensação de créditos.
Funciona assim: se um empreendimento consome 1.000 kWh por mês e tem painéis solares no telhado que injetaram na rede 300 kWh, será preciso pagar apenas pelos 700 kWh não gerados.
Embora os preços da tecnologia tenham caído nos últimos anos, o custo de um projeto completo desse sistema para uma pequena empresa custa a partir de R$ 15,8 mil, segundo dados do Portal Solar, marketplace do setor.
O tempo de retorno do investimento é de aproximadamente quatro anos, afirma Guilherme Chrispim, presidente do conselho da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída).
Se a empresa consegue gerar mais energia do que necessita, o empreendedor ganha um crédito que pode ser usado em outras unidades que tenham o mesmo CNPJ.
Segundo José Roberto Moreira, professor da Escola Politécnica da USP, a empresa deve fazer análise técnica antes da instalação. “Não adianta colocar painéis solares no telhado se em metade do ano o local ficar encoberto.”
Créditos de cooperativas
Pequenas empresas que não querem investir em infraestrutura própria podem aderir a cooperativas.
Empresas geradoras injetam a energia de fonte renovável na rede e dividem entre os cooperados os créditos que recebem.
O desconto na conta de luz pode chegar a 15%, segundo Chrispim, da ABGD. Na maior parte dos casos, os cooperados não precisam pagar nada às cooperativas —elas ganham retendo parte do valor economizado.
Em algumas regiões, entretanto, há dificuldade para encontrar o serviço. Na capital paulista, por exemplo, consumidores não conseguem aderir ao sistema —empresas geradoras têm sofrido com escassez de terrenos para a instalação de usinas, que precisam estar na mesma área de distribuição.