Menos de 40% das empresas criadas no Brasil conseguem sobreviver após cinco anos de atividades, indicam dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado integra a pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, que reúne números até 2019. Ou seja, o estudo ainda não reflete os impactos da pandemia de coronavírus, que trouxe uma série de dificuldades para os negócios a partir de 2020.
Segundo o IBGE, apenas 37,6% das empresas nascidas em 2014 —207,5 mil do total de 551,3 mil— conseguiram permanecer no mercado cinco anos depois, em 2019. Trata-se do indicador conhecido como taxa de sobrevivência.
Conforme a pesquisa, há uma correlação entre a permanência no mercado e o tamanho das empresas. Quanto maior o porte da companhia, maior é a taxa de sobrevivência.
Os números do estudo ilustram isso. Apenas 32,1% das empresas nascidas em 2014 sem assalariados conseguiram seguir em atividade cinco anos depois, em 2019.
Nesse tipo de negócio, somente uma pessoa é responsável por todo o processo de operação, sem a participação de empregados.
As companhias com 10 trabalhadores ou mais registraram o dobro do percentual. Nessa faixa, 64,5% das empresas criadas em 2014 conseguiram sobreviver até 2019.
"Essas empresas têm uma resiliência maior para sobreviver por mais tempo. Geralmente, são elas que contam com mais capacidade de acesso a crédito, por exemplo", avalia Thiego Gonçalves Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE.
O pesquisador ainda chama atenção para as diferenças entre os setores da economia. No segmento de saúde e serviços sociais, a taxa de sobrevivência das empresas nascidas em 2014 foi de 59,6% em 2019.
É a maior marca entre as atividades analisadas pelo IBGE. Hospitais fazem parte desse ramo.
Enquanto isso, no setor de outras atividades de serviços, o percentual de sobrevivência no mesmo período foi bem inferior, de 31,8%. É a menor marca entre as atividades. Esse segmento, explica Ferreira, reúne negócios diversos, muitos deles de menor porte.
"O tamanho das empresas é uma das condições determinantes para a taxa de sobrevivência. O setor também tem uma contribuição para isso", reforça.
A pesquisa do IBGE indicou que, em 2019, o país somou 4,7 milhões de empresas, que empregavam 39,7 milhões de pessoas, sendo 33,1 milhões (83,3%) como assalariadas e 6,6 milhões (16,7%) na condição de sócias ou proprietárias.
Após cinco anos no vermelho, o saldo de empresas, que mede a diferença entre a entrada e a saída de negócios do mercado, voltou a ser positivo em 2019.
O saldo foi de 290,9 mil negócios. Reflete a diferença entre o ingresso de 947,3 mil e a retirada de outros 656,4 mil.
A economia brasileira passou a emitir sinais de fragilidade em 2014, e a crise se intensificou em 2015 e 2016. A volta do crescimento entre 2017 e 2019, mesmo em nível insuficiente para reparar todas as perdas da recessão, pode ter contribuído para a retomada do saldo positivo de empresas, diz Ferreira.
Com a chegada da pandemia, em 2020, os negócios mais prejudicados foram os de menor porte, aponta o pesquisador. Contudo, ele diz que ainda é preciso aguardar para dimensionar todos os efeitos da Covid-19 na demografia das empresas brasileiras.