Maia reage a empresários de serviços e defende reforma tributária

Fonte: Folha de S.Paulo
18/02/2020
Imposto e Tributos

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu reagir à ofensiva de representantes do setor de serviços que questionam a reforma tributária da Casa.

"Em vez de a gente estar em uma grande mesa de debate com a sociedade, parte dos empresários está fazendo campanha contra. Não foi assim que eles trabalharam na Previdência, mas a Previdência eles não pagam a conta", afirmou.

Maia disse que é preciso que todos os brasileiros arquem com os custos das reformas de reorganização do Estado.

"Os brasileiros mais simples já deram a sua pequena contribuição na [reforma] previdenciária", disse.

"A gente já está tratando da tributária há muito tempo, o que não se pode aceitar são informações distorcidas", disse.

Além das declarações, Maia compartilhou vídeo na internet dizendo que "alguns donos do poder decidiram financiar a indústria das fake news para confundir a sociedade".

O vídeo compartilhado por Maia defende a PEC (proposta de emenda à Constituição) 45, de autoria deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

O texto foi feito com base em estudo do economista Bernard Appy e unifica cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) em um único Imposto sobre Bens e Serviços.

Segundo a peça, a proposta da Câmara trará mais justiça ao reduzir os impostos sobre consumo e aumentar aqueles sobre serviços.

Como os mais pobres consomem mais bens que serviços, diz o narrador, o sistema tributário ganharia mais progressividade. Ou seja, os mais ricos pagariam mais.

Um dos principais grupos que contestam a PEC é o Brasil 200.

O instituto tem no conselho empresários como Flavio Rocha, das lojas Riachuelo, e Luciano Hang, da varejista Havan.

O grupo publicou há cerca de uma semana na internet, por exemplo, uma entrevista em vídeo com Edgard Corona, fundador das redes de academia Bio Ritmo e SmartFit, criticando a proposta da Câmara.

"Estou vendo uma série de empresários preocupados com o formato. O nosso setor especificamente vai ser dizimado. As margens já são muito pequenas, de 10% a 12%, e vamos ter um aumento de imposto de 14%, 16%. Nosso setor deixa de existir ou vai todo para a informalidade", afirma.

Nesta segunda-feira (17), lideranças de entidades coordenadas pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo) participaram de um ato contra o aumento de impostos, o desemprego e as duas PECs de reforma tributária no Congresso, a 45 e a 110.

"Chegamos à conclusão de que a população, os empresários e a sociedade não estão sendo ouvidos", diz o presidente da ACSP, Alfredo Cotait, em nota.

Segundo ele, a entidade quer falar aos políticos para que as opiniões dos empresários sejam consideradas.

Outro grupo que resolveu se posicionar contra a proposta é o MBL (Movimento Brasil Livre), que defendeu o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).

O grupo se juntou a empresários e entidades do setor de serviços para fazer campanha contra a proposta de reforma tributária em discussão no Congresso.

Nos estudos de sua proposta própria de reforma tributária, o Ministério da Economia já havia absorvido parte das preocupações e estudava um tratamento diferente para alguns setores, como educação e transportes.

Mas o Executivo ainda não enviou suas sugestões, à espera da instalação da comissão mista da Câmara e do Senado.

Maia afirmou que o debate sobre a criação do imposto unificado, o IVA (Imposto de Valor Agregado), deve avançar quando o texto do governo para a reforma tributária chegar ao Congresso.

"O governo está participando, mas, quando ele encaminhar sua reforma nos próximos dias, de IVA nacional, vai nos ajudar a juntar as duas peças e fazer a aprovação de um IVA único, que é o que nós defendemos", afirmou.

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