Os pequenos negócios com dívidas em atraso estão sentindo mais duramente o impacto da pandemia do coronavírus do que as empresas do mesmo porte que não possuem dívidas ou estão com seus compromissos em dia. De acordo com a 10ª edição da Pesquisa “O Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 92% das empresas com dívidas em atraso tiveram perda de faturamento. Já entre as empresas com dívidas em dia, esse número cai para 73%.
O estudo ainda revela que as empresas com dívidas em atraso foram as que tiveram maior proporção com piora de faturamento em 2020, comparado com 2019. Entre esse grupo, 79% apresentaram um faturamento anual pior do que o de 2019. Já no universo das empresas com dívidas em dia, esse número cai para 59%. Os reflexos também podem ser vistos quando o assunto é a contratação de funcionários. Enquanto 17% das empresas com as contas em dia contrataram um funcionário, em fevereiro, apenas 9% das empresas endividadas fizeram o mesmo.
“As empresas que sentem mais dificuldade em pagar suas dívidas acabam não tendo, muitas vezes, condições de continuarem investindo no negócio e nem de encontrarem alternativas para melhorar seu desempenho”, explica o presidente do Sebrae Carlos Melles. Ele ressalta que 76% das empresas com dívidas em atraso revelaram que ainda têm muitas dificuldades para manter o negócio contra 49% dos empreendedores que estão com o pagamento de suas dívidas em dia.
Carlos Melles explica que dívidas em atraso também podem desestimular os empresários a procurarem crédito. “Essa mesma pesquisa demonstra que enquanto 68% das empresas com dívidas em dia recorreram a empréstimos, entre os empreendedores com dívidas em atraso esse número cai para 60%”, complementa o presidente do Sebrae.
As dívidas também contribuem para uma maior recusa dos bancos em conceder empréstimos para esses clientes. Enquanto 58% dos donos de pequenos negócios que conseguem pagar suas dívidas em dia obtiveram êxito na tentativa, a concessão de crédito entre aqueles que têm dívidas em atraso ocorreu apenas para 25% dos empreendedores que recorreram aos bancos para pedir auxílio financeiro.