A taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro foi de 14,2%, a pior para o período desde o início da pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2012. Ao todo 14,3 milhões de brasileiros estavam em busca de uma vaga no no período.
A taxa ficou estável em relação ao trimestre móvel encerrado em outubro e, segundo o IBGE, ainda contabiliza efeitos do crescimento do emprego nos últimos meses de 2020, período em que normalmente comércio e serviços contratam para as festas de fim de ano.
Por isso, diz a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy, os dados trazem um aumento de 2% no contingente de brasileiros ocupados, que chegou a 86 milhões de pessoas, 1,7 milhão a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em outubro.
A maior parte do aumento na ocupação, porém, veio da população informal: o número de empregados sem carteira assinada no setor privado subiu 3,6% (339 mil pessoas), os trabalhadores por conta própria sem CNPJ aumentaram em 4,8% (826 mil) e os trabalhadores domésticos sem carteira, cresceram 5,2%.
"O trabalhador por conta própria e o empregado no setor privado sem carteira permanecem sendo aqueles que estão contribuindo mais para o crescimento da ocupação no país”, diz Beringuy. Com isso, a taxa de informalidade no trimestre encerrado em janeiro foi de 39,7%.
O IBGE detectou ainda recorde entre os desalentados, aquele grupo que gostaria de trabalhar mas não procurou emprego. Ao todo, 5,9 milhões de pessoas se encontravam nessas condições no trimestre encerrado em janeiro.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, antes ainda do início da pandemia, o número de desempregados cresceu 19,8%, ou 2,4 milhões de pessoas. Naquele trimestre, a taxa de desemprego era de 11,2%.
Em um ano, 8,1 milhões de pessoas perderam o emprego, uma queda de 8,6% na população ocupada do país.
Janeiro é o primeiro mês após o fim do auxìlio emergencial, em dezembro. Embora o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tenha afirmado que o efeito do fim do benefício na economia foi menor que o esperado, o mercado espera grandes impactos no mercado de trabalho.
O desemprego deve ainda sofrer efeitos do aumento das medidas de restrições para enfrentar o avanço da pandemia por todo o Brasil, que neste momento limitam o funcionamento do comércio e dos serviços não essenciais nas maiores cidades brasileiras.
Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostra que 79% dos brasileiros acreditam em aumento do desemprego nos próximos meses. Para outros 10%, a taxa vai ficar como está. Para 10%, vai diminuir. É o pior resultado registrado nas pesquisas do instituto, considerando a série histórica iniciada em 1995.
O novo auxílio emergencial, de até R$ 350, começa a ser pago no dia 16 de abril, primeiro para beneficiários do programa Bolsa Família. Este ano, não foi possível solicitar o auxílio ao governo. Todos os beneficiários que receberão as novas parcelas são pessoas que já receberam no ano passado.