Crise faz empresas buscarem mercado externo

Fonte: Folha de Londrina
26/08/2016
Gestão

A retração do consumo no mercado nacional tem feito com que empresas que nunca pensaram em exportar busquem espaço no comércio exterior. O câmbio na casa dos R$ 3 faz o Brasil ficar mais competitivo e também é um incentivo para o embarque de mercadorias para fora. Na lista do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), havia 91 empresas londrinenses marcadas como exportadoras em 2015. 

A Classic for Baby Bags, indústria de bolsas para recém-nascido, está tirando seu Radar na Receita Federal. Radar é como os envolvidos neste mercado chamam a habilitação concedida pelo órgão às empresas exportadoras. "Desde novembro, tivemos uma queda de 30% nas vendas (no mercado interno). Hoje temos uma ociosidade que pretendemos preencher com a exportação", conta o gerente João Paulo Tashibana Pereira. 

Ele considera que o câmbio está bem favorável para os exportadores e ressalta os incentivos fiscais dados ao setor. "Quando exportamos, deixamos de pagar IPI, ICMS e PIS", enumera. Pereira também destaca outro fator como vantajoso. "O pagamento feito pelo cliente (no comércio internacional) é antecipado." 

Distribuidora da Dermatus Cosmética Médica, a Danab Cosméticos de Londrina fez sua primeira venda para o exterior em março. "Recebemos a visita de uma empresária da Costa do Marfim, que gostou de nossos produtos e levou algumas amostras para seu país. Depois, fez a encomenda", afirma a diretora da empresa, Daphne Fabris Araujo. 

Embora não tenha sido uma decisão da distribuidora, Daphne viu uma oportunidade de negócio. "O ano está um pouco complicado. O mercado externo é uma alternativa", alega. Ela conta que, para conseguir realizar a venda, teve de baixar o preços dos produtos. E mesmo assim, a cliente achou caro. "O custo de produção no Brasil é muito alto. A cliente levou porque ela gostou muito dos cosméticos", ressalta. 

Elvis Perez de Paulo, dono da MaqLand, acaba de mandar dois aspiradores para limpeza pública para a Colômbia. "Nossas máquinas têm divulgação plena para todas as empresas que fazem limpeza pública e para todas as prefeituras do Brasil por meio de uma revista do setor. Acho que nossos produtos chegaram até os colombianos no boca a boca", afirma. 

Paulo já havia experimentado o mercado externo numa outra linha de produtos que fabrica, o de equipamentos para descasque de soja, feijão e ervilha. Ele está bem empenhado em conquistar novos clientes lá fora. Mas não pretende requerer o Radar à Receita. "Prefiro usar os serviços das trades (empresas especializadas em comércio exterior). Estão mais acostumadas, fazem isso todo dia." 

O empresário diz que o inconveniente das exportações é o risco do câmbio, principalmente em época de muita volatilidade. "Quando eu fechei o negócio, o dólar estava a R$ 3,39. E quando recebi, a R$ 3,29. Então, eu perdi um pouco", conta. 

PEIEX 

O empresário Egon Prezoto Bertolaccini, da Terrara Alimentos, já fez exportações esporádicas de café orgânico para Japão e Europa. Mesmo assim, ele está participando do Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex), da agência Apex-Brasil, com o intuito de abrir canais de exportação constantes. "Em maio, participamos da primeira missão empresarial para o Paraguai e a Bolívia", conta. 

Bertolaccini fez contato com cerca de 15 empresas lá fora e agora está focando as negociações em quatro, duas de cada País. "Estamos em fase de registro e licenciamento dos produtos no Paraguai e Bolívia." Por enquanto, o empresário está contratando os serviços de uma empresa exportadora. Mas, no futuro, pretende ter seu próprio Radar.

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