Advogado e professor da USP, Eduardo Munhoz advogado participou de restruturações de empresas como Odebrecht, PDG, OAS, EAS, Grupo X, Oi. Em entrevista ao Estado, ele falou sobre a possibilidade de, com a crise do coronavírus, mais companhias buscarem recuperações judiciais ou extrajudiciais.
Qual o impacto da epidemia do coronavírus para as empresas?
A única certeza é que haverá impactos relevantes. É um evento abrupto, inesperado, que afeta toda a cadeia economica, da produção ao consumo. Agora, a extensão dos impactos é muito difícil de prever, dado o desconhecimento do comportamento do vírus e do tempo que levará até que a atividade econômica possa voltar à normalidade.
Vínhamos de números recordes de recuperação judicial por causa da crise dos últimos cinco anos. Ainda havia muitas empresas sob risco de entrarem em recuperação ou o movimento tinha arrefecido?
Havia o início de um movimento de melhoria dos investimentos e da saúde financeira das empresas. No Brasil, no entanto, tem sido muito difícil chegar a soluções definitivas e estruturantes para solucionar dívidas das empresas. Por isso, muitos casos ainda não estavam resolvidos e exigiam sucessivas rodadas de negociação. Por isso, embora o pior tivesse passado, muitas empresas ainda passavam por processos de reestruturação de dívidas. O cenário atual certamente agrava o quadro para muitas dessas empresas.
Há o risco de escalada de novos pedidos?
É muito provável que haja um relevante aumento de novos pedidos, sobretudo, porque a crise atual afeta as pequenas e médias empresas. É muito importante pensar em medidas legislativas para adequar o processo de recuperação judicial e extrajudicial para lidar de forma mais eficiente com a crise dessas pequenas e médias empresas, que são as maiores geradoras de emprego.