O caminho para a criação de uma boa logomarca pode ser longo e tortuoso.
Tradicionalmente, tudo começa pela criação do conceito – que naturalmente deve ter como base o produto do serviço prestado pela empresa.
A contratação de um profissional experiente ou de uma empresa de marketing é altamente recomendável. Não deixe seu sobrinho fazer sua marca de graça para você.
Se você, leitor, é o empreendedor que criou o produto, deu o nome e “apenas” quer uma marca, uma dica: não se meta demais no processo de criação dos profissionais que você está pagando para fazer esse serviço.
É claro que a palavra final é sua e se a criação apresentada não lhe for do seu agrado, você tem direito de mandar fazer tudo de novo. Mas pense com calma e não reaja com emoção.
Como profissional de marketing, eu já estive em ambos os lados. Tanto contratei como fui contratado para criar marcas.
E o que vi e experimentei é que, na grande maioria das vezes, os designers e profissionais de marketing conseguem traduzir melhor o conceito em símbolo. Melhor do que o empreendedor.
O empreendedor normalmente cria uma imagem mental daquilo que ele quer ver na marca, mas nem sempre o coração do dono da empresa é a melhor baliza para o mercado. Portanto, escolha bem uma equipe, contrate-a e confie.
História
Símbolos gráficos existem há muito tempo. O exército romano tinha seu símbolo, assim como a armada persa. Mesmo historiadores experientes têm dificuldade determinar qual foi a primeira logomarca.
Animais de rebanhos primitivos já eram marcados com o símbolo de seu criador muito antes de Nero prender fogo em Roma – se é que foi ele, de fato. Mas sabemos com precisão a data do primeiro trademark da história. Foi no primeiro dia do ano de 1876.
A cervejaria Bass era líder de mercado no Reino Unido em 1875, época da Segunda Revolução Industrial. Neste ano, a Câmara do Lordes aprovou uma nova lei que protegeria as marcas registradas a partir de primeiro de janeiro de 1876. Para a Bass Brewery, essa era uma pauta da maior relevância.
Reza a lenda que o empregado responsável por esta função dentro da empresa madrugou na virada do ano novo na fila para garantir que a preciosa marca construída ao longo das nove décadas anteriores não fosse por água abaixo pelas mãos de algum oportunista de plantão.
O cauto registro valeu a pena. O inconfundível triângulo vermelho da Bass ganhou o mundo e dois anos após garantir seu trade mark, a cervejaria será a número um do mundo.
A companhia expandiu suas atividades com sucesso até meados dos anos 60 até ser comprada por outros grupos econômicos, já no alvorecer do século XXI.
O final dos anos 80 e 90 do século XX foi fértil em criação de marcas longevas. Foi neste período que surgiram a Kodak e a Kellogg.
Mas só o registro em cartório não garante o sucesso de uma marca. Muitas vezes, o reconhecimento pode vir antes do registro, inclusive.
É lugar comum a frase que diz não haver receita pronta para a criação de uma boa logomarca.
Tudo depende daquilo que ela irá representar. Em alguns casos, a cor azul pode ser melhor que a verde, o lilás melhor que o rosa. Mas é possível identificar alguns pontos convergentes em marcas bem reconhecidas.
As logomarcas, via de regra, passam por atualizações ao longo do tempo e agora, enfrentam um desafio redobrado na era digital.
O que salta aos olhos é que, na imensa maioria das vezes, os elementos gráficos das marcas se tornam menos complexos. Por exemplo, o próprio símbolo da Bass Brewery possuía diversos elementos quando foi registrado pela primeira vez. Mais tarde, restou apenas o que importa: o triângulo, a cor, a caligrafia e o nome.
Essa parece ser a regra de ouro que todo empreendedor deve observar ao encomendar a criação do símbolo que irá representar sua firma.