Poucos brasileiros devem saber quantos dígitos tem a cifra de R$ 1 trilhão e até dimensionar esse valor. O Impostômetro – desenvolvido pela Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) em conjunto com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e que indica todos os tributos, taxas e contribuições que o brasileiro paga para os governos federal, estadual e municipal – deve registrar a marca de R$ 1 trilhão às 13h30 desta terça-feira (5). E vai estar lá, estampado no painel em frente à ACSP, na capital paulista, mas acessível à consulta pela internet por qualquer pessoa. O nível trilionário vem com atraso em relação ao ano anterior pela primeira vez desde 2007 – primeiro ano em que a cifra chegou à casa do trilhão no Brasil.
No ano passado, esse volume havia sido atingido seis dias antes, no dia 29 de junho. Para a ACSP, a maior prazo em atingir o valor astronômico de R$ 1 trilhão em 2016 é consequência de uma forte queda da arrecadação causada pela retração da atividade econômica no país.
“É um lado cruel. Um número frio que indica que a arrecadação cai pela queda do setor produtivo”, atesta o presidente do Sindilojas-BH, Nadim Donato.
Nos últimos 12 meses, o setor perdeu cerca de 23 mil vagas diretas. São cerca de 35 mil estabelecimentos na capital mineira, que empregam hoje aproximadamente 210 mil trabalhadores diretos. Isso representa cerca de 18% de recuo no número de vagas no setor.
Dados passados em primeira mão para a reportagem de O TEMPO pelo presidente do Sindilojas apontam que, no mesmo período de comparação, a queda mínima no faturamento do setor foi de 14% e a queda máxima, 32%. “E essa concentração maior de queda no faturamento está nas pequenas e médias empresas”, esclarece Donato.
Segundo ele, o lojista não está conseguindo manter a atividade e está “mesmo fechando as portas”. O presidente Nadim Donato diz que não é mais possível pagar essa alta tributária no Brasil.
Para o doutor em economia e coordenador de graduação do Ibmec-MG, Reginaldo Nogueira, o quadro só reforça que o país entra no terceiro ano de uma economia recessiva. “Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,8% e a previsão para este ano é de recuo de 3,5%”, atesta.
Segundo ele, a arrecadação do país hoje é em torno de 35% do PIB. “Não é possível ter um percentual desse com o padrão de renda hoje do brasileiro”, critica. Ele continua: “Essa arrecadação de R$ 1 trilhão amanhã (hoje) já deveria assustar e muito”.