Mais de 3 milhões de ações trabalhistas foram ajuizadas no País no ano de 2016. De acordo com levantamentos, o número faz do Brasil a nação onde há mais processos dessa natureza.
Ações trabalhistas: maior pressão por resultados positivos faz com que muitos chefes cometam atitudes impróprias e abusivas perante seus funcionários
Na avaliação do sócio da S2 Consultoria, empresa especializada em prevenir e tratar atos de fraude e de assédio nas organizações, Renato Santos, deve-se ter muita cautela com as demissões relativas ao cenário de crise, visto que desligamentos mal conduzidos e sem transparência são um motivador para que o demitido vá atrás de ações trabalhistas .
Vale ressaltar que com a maior pressão por resultados positivos - ou pelo menos estáveis - faz com que muitos chefes cometam atitudes impróprias e abusivas perante seus funcionários. E é por esse motivo, que as queixas e as ações por danos morais são elevadas nesses momentos, o que impulsiona ainda mais a necessidade de uma entrevista de desligamento , para que o RH identifique possível vulnerabilidade e potenciais riscos à organização.
"Se conduzido de forma correta, esse processo [entrevista] permite que a companhia conheça que imagem o ex-funcionário está levando em relação à conduta da empresa", avalia Santos também que a prática é valiosa para as companhias que valorizam o feedback com seus contribuintes.
O especialista ressalta que utiliza um sistema online para operar as entrevistas, mas que há variados métodos de coletas de respostas. Entre os exemplos citados são: múltipla escolha, dissertativas e relatos em vídeos para que uma análise da linguagem não verbal seja também efetuada em relação à política geral do RH, planos de cargos, salários e carreiras, além do perfil da liderança, do ambiente de trabalho, cultura ética e de compliance, e potenciais riscos.
Cautela
Embora pareça ser um procedimento simples para evitar as ações trabalhistas, Santos aponta que a entrevista demissional sob responsabilidade de uma pessoa pouco preparada pode gerar uma má utilização dos dados obtidos. E que é por essa razão que algumas organizações sequer utilizam ou planejam a obtenção dessas informações. Entretanto, o especialista olha com positividade o cenário brasileiro, visto que a prática está conquistando cada vez mais espaço no País.