Uma empresa familiar em transição societária pode passar por diversas atribulações se o processo não for bem mediado e estruturado. Uma das mais perigosas é a desvalorização de mercado, que tem influência direta no desenvolvimento do negócio. Dados recentes da PricewaterhouseCoopers (PwC) apontam que, entre os principais desafios das empresas familiares em 2017 está o crescimento. Das empresas brasileiras entrevistadas, 79% prevê expandir nos próximos cinco anos, mas apenas 5% delas acredita que isso aconteça de maneira rápida e agressiva.
A implantação de instrumentos de governança corporativa pode prevenir problemas de ordem financeira e, até mesmo, colaborar para acelerar o aumento de valor da empresa no mercado. Na GoNext Family Business, especializada em gestão de negócios e implantação da governança corporativa em empresas familiares, dos mais de 100 projetos atendidos cerca de 60% aumentaram seu valor de mercado em mais de 35%, melhorando o fluxo de caixa e diminuindo os endividamentos. Isso tudo num período médio de cinco anos após a implantação do trabalho de governança corporativa.
Segundo o diretor-presidente da GoNext, Eduardo Valério, isso se dá graças a melhoria da administração dos interesses dos sócios e ao estabelecimento de regras mais rígidas quanto a investimentos e endividamento. “Com a governança corporativa é possível alinhar os objetivos da empresa, definir de maneira clara as regras para familiares ocuparem cargos de gestão, bem como traçar pontos de mensuração e análise, que permitem o acompanhamento contínuo de resultados, principalmente no que se refere aos lucros”, comenta o consultor.
E como é possível medir o valor de uma empresa? Valério explica que, geralmente, empresas especializadas avaliam as projeções das receitas, despesas e custos em um determinado período de tempo, a fim de estimar qual a geração operacional de caixa a ser atingida neste período. E para manter essa geração de caixa por um longo período, o especialista dá algumas dicas. “É preciso ter disciplina com custos e despesas; persistência com os objetivos estratégicos e o alinhamento societário em harmonia com esses objetivos, mantendo sempre os interesses da empresa acima dos individuais”, orienta o especialista.
Além disso, Valério alerta para dois instrumentos de governança corporativa que podem fazer a diferença na valoração das empresas familiares. O primeiro consiste no acordo de sócios, no qual são estabelecidas as regras de ouro para administrar a sociedade e a empresa. Já o segundo refere-se à elaboração das normas de gestão, que definem no plano operacional como a gestão da empresa funcionará. Para ele “o valor de uma companhia tem relação direta com a boa governança. Afinal, assim como numa aeronave, mais do que bons donos é preciso haver bons pilotos para mantê-la no ar”.