Um trabalhador de Itumbiara (GO) conseguiu garantir na Justiça o recebimento de um auxílio-acidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) três décadas depois de ter se acidentado. Ele demorou para fazer o pedido por não saber que tinha direito ao benefício.
Segundo o advogado Marlos Chizoti, que representa o segurado, o acidente ocorreu em 1991 em Bento Gonçalves (RS). O beneficiário, que hoje está com 48 anos, estava em um deslocamento de trabalho quando caiu de moto. Na época, ele atuava como soldador em uma fábrica de móveis.
Segundo Chizoti, o cidadão teve fratura no tornozelo direito e precisou ser operado. Mesmo depois da cirurgia, ele teve sequelas que prejudicaram seus movimentos de flexão e extensão, reduzindo, assim, a sua capacidade de trabalho.
O advogado conta que, em 2017, o trabalhador procurou seu escritório para saber se tinha direito a uma indenização do DPVAT, o seguro veicular obrigatório.
Ele acrescenta que o cidadão apresentou laudos e exames que comprovaram o acidente e as sequelas. Diante disso, foi feito requerimento do auxílio-acidente.
Chizoti diz que, no caso do auxílio-acidente e diferentemente do que ocorre com outros benefícios, o acidente não precisa ter ocorrido até dez anos antes do pedido. “O entendimento que prevalece nesse caso é de que o benefício é de trato sucessivo e o direito se renovaria a cada mês.”
O INSS indeferiu o pedido e a defesa recorreu à Justiça. No mês passado, o juiz Alessandro Luiz de Souza, da 3ª Vara Cível, de Goiás, obrigou o INSS a conceder o benefício, retroativo a 2017.
“Esse caso é importante porque tem muitos brasileiros que foram vítimas de acidentes e nem sequer sabem que têm direito ao benefício”, comenta Chizoti.
Procurado, o INSS diz que o pedido do benefício foi feito somente em 2017 e que, por esse motivo, não é possível atribuir ao instituto a demora na concessão do auxílio. Diz ainda que “por se tratar de uma decisão judicial, não cabe ao INSS comentá-la, apenas cumpri-la quando houver o trânsito em julgado, ou seja, quando não couber mais recurso”.
Entenda o caso
1991: O segurado sofreu um acidente de moto em Bento Gonçalves (RS)
1992: O trabalhador apresentou sequelas do acidente, que prejudicaram seu desempenho profissional. Na época, ele trabalhava como soldador em uma fábrica de móveis
2017: O soldador procurou um advogado para saber se ele ainda tinha direito à indenização do DPVAT (seguro obrigatório, cuja indenização é paga a vítimas de acidentes de trânsito)
Ele apresentou exames e laudos médicos da época do acidente, além de relatórios que comprovaram as sequelas
O advogado do segurado verificou que ele não teria mais direito ao DPVAT, mas que as sequelas do acidente dariam a ele direito ao auxílio-acidente do INSS
O INSS indeferiu o pedido, alegando que o caso não se enquadrava nas regras do auxílio-acidente
2021: O juiz de primeira instância acatou ação apresentada pelo advogado do trabalhador e obrigou o INSS a conceder o benefício