5 sinais de que você foi feito para empreender pelo mundo

Fonte: Exame.com
18/04/2017
Gestão

Imagine ter um negócio próprio que permita não só a autonomia de decisões, mas também a autonomia de local de trabalho. Levando essa hipótese ao limite, seria possível até mesmo trabalhar entre viagens, pulando de país em país.

Com a democratização da tecnologia, um sonho como esse está cada vez mais próximo. A cada dia surgem novos empreendimentos “remotos”: ou seja, aqueles que não precisam de um ponto comercial para operar.

“Eu acho que o acesso dos brasileiros ao mundo, seja por meio da internet ou por viagens, aumentou. Nós sempre tivemos essa curiosidade de conhecer outros lugares e, quanto mais a gente se conecta, mais oportunidades vemos. Com isso, mais empreendemos”, analisa Marcelo Lage, fundador da consultoria de inovação e empreendedorismo Startify.

“Eu comecei a morar no Canadá em 2013. Nós últimos dois anos, a presença de empreendedores vem crescendo muito”, completa Rosa Maria Troes, presidente da agência de educação Canada Intercambio. “Os brasileiros vêm para estudar e acabam ficando, vendo que oportunidades de trabalhos complementares podem virar um negócio. Acredito que veremos muito mais disso nos próximos anos, com a regularização de muitos que já vieram para cá.”

Apesar de ser uma possibilidade tentadora, o medo costuma tomar conta da maioria na hora de realmente largar o emprego e decidir pela abertura de um negócio administrável de qualquer lugar com conexão à internet.

Além das preocupações financeiras, uma outra questão importante é saber se você tem o perfil para fazer tal empreendimento dar certo.

Segundo César Souza, fundador do Espaço do Empreendedor, o perfil do dono de um negócio no próprio país e do dono de um negócio internacional são diferentes entre si. “Uma coisa é o empreendedor começar um negócio dentro do território que domina, já conhecendo fornecedores e hábitos de clientes. Lá fora, é muito mais complexo.”

Você tem o sonho de abrir um negócio em qualquer lugar do mundo, mas não sabe se está pronto? Confira, a seguir, alguns sinais de que você tem o perfil necessário:

1. Você é aberto a novidades – mas sabe defender suas ideias

O primeiro grande sinal de que você pode empreender em diversos países é ter uma grande vontade de conhecer culturas diferentes – o que inclui as pessoas que poderão ser seus futuros consumidores. “Quando você abre um negócio, é para servir alguém. É preciso ter vontade, curiosidade e desejo de conhecer seus clientes”, diz Lage, da Startify.

Porém, apenas estar disposto a conhecer novas pessoas não o diferenciaria de um turista: para ser empreendedor, também é preciso querer sair do lugar comum. “Você precisa ser uma pessoa inconformada. Isso é importante para o empreendedor em geral, mas ainda mais para quem quer abrir negócios pelo mundo”, explica Troes, da Canada Intercambio.

Essa fuga do comum deve ser aparente na hora de apresentar sua ideia de negócio: é preciso ser flexível culturalmente, claro, mas sem ceder a identidade da sua empresa.

Digamos que você queira vender pão de queijo nos Estados Unidos: uma coisa é você estudar o mercado e saber fazer adaptações; outra é ser intimidado a ponto de perder oportunidades por não se posicionar o suficiente como produto inovador.

“É preciso manter um equilíbrio delicado entre trabalhar com hábitos locais sem se intimidar ou sucumbir totalmente à cultura do outro”, explica Souza, do Espaço do Empreendedor. “O empreendedor é o que toma iniciativa: se não tomar, é melhor ser um funcionário.”

2. Você é empático e sabe firmar relacionamentos

Todo mundo sabe que fazer um bom networking é essencial para a carreira, especialmente se ela envolver a criação de um negócio. Afinal, a sobrevivência da sua empresa dependerá de seus relacionamentos com fornecedores e clientes, por exemplo.

Saber praticar a empatia – ou seja, colocar-se no lugar do outro – é uma característica especialmente importante quando você abre um empreendimento em outro país.

“Uma criança americana pensa de forma muito diferente de uma criança brasileira, por exemplo. O empreendedor muitas vezes fica tão focado no produto, em desenvolver sua ideia e lançá-la no mercado, que não possui a empatia de se colocar no lugar do seu cliente. Pense: o que os consumidores daqui valorizam? Então quais desses benefícios eu vou dar para ele?”, indaga Souza, do Espaço do Empreendedor.

“Se eu consigo entender a pessoa com quem converso, vou saber como oferecer meu produto para ela. Com a empatia, essa conquista de uma relação acontecerá naturalmente, sem imposições”, completa Troes, da Canada Intercambio.

Para saber se você é realmente empático, avalie se suas ideias têm como propósito ajudar seus clientes, sua comunidade e até mesmo seu país de atuação.

3. Você é estudioso e sabe respeitar as regras do jogo em outro país

Muitos empreendedores focam nos estudos de cultura e de mercado e se esquecem de um detalhe muito importante: como funciona a burocracia empresarial no país de destino. Se você não tem o perfil para realmente estudar a legislação e respeitar cláusulas novas, pode ter um prejuízo enorme – e voltar para o Brasil com a mala vazia.

“Tenha respeito às regras do jogo e não pense que outros países são parecidos com o Brasil em termos contratuais, apenas por serem próximos. O Chile, por exemplo, é um dos países mais legislativos do mundo: se você assume um contrato, é preciso cumpri-lo ao pé da letra”, explica Souza, do Espaço do Empreendedor.

“Na hora de empreender em outro país, lembre-se: na dúvida, o conservadorismo manda ao entregar pedidos, fechar contratos e prestar contas.”

4. Você é independente

Parece óbvio, mas muitos aspirantes a empreendedores remotos não consideram o quão preparados estão para possivelmente abandonar suas conexões com o Brasil em prol do negócio.

“Sua vontade de fazer acontecer deve ser maior do que manter seus relacionamentos no país. É preciso ter uma certa independência”, explica Lage, da Startify.

“Muita gente não consegue conceber a ideia de deixar o Brasil e não ver com tanta frequência a família e os amigos. Isso pode afetar crucialmente seu desempenho: empreender não é fácil nem com os relacionamentos por perto, então imagine quando se está longe deles.”

5. Você é proativo (de verdade)

Ser “proativo” é uma característica que muitos gostam de colocar no currículo. Mas, para ser um empreendedor, é preciso transformar essa palavra em ação – e colocar a mão na massa de verdade.

Isso é especialmente verdade quando você quer empreender em um país diferente do seu: ter uma atitude positiva quanto aos problemas a solucionar é essencial para não se desmotivar e querer voltar para casa.

Não sabe se é o seu perfil? Troes, da Canada Intercambio, recomenda perguntar-se algumas questões: “Eu sou uma pessoa que contribui para o crescimento da empresa, trazendo soluções para problemas anteriores que nem são da sua área ou posição hierárquica?”; “Como vou fazer para que um problema não se repita e que, ao mesmo tempo, eu tire uma vantagem competitiva em cima dele?”; e “Eu costumo ir além do meu cantinho e penso como se eu fosse o dono da empresa?”
 

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